terça-feira, 31 de outubro de 2006

E ainda questões relacionadas com o próximo referendo

Ainda relativamente ao meu último post, decidi voltar a falar sobre o próximo referendo ao aborto. Isto porque na passada segunda-feira vi, e adormeci embalado com os gritos histéricos da Edite Estrela e da Zita Seabra e dos outros participantes, mas muito particularmente com os gritos com sotaque do norte da Fátima Campos Ferreira, mas também do público. Mas, adiante. Assim, ontem fiquei com a certeza absoluta que a maioria parlamentar na Assembleia da República não tem coragem, nem política nem de nenhum tipo, para apresentar e aprovar um projecto de Lei sobre esta questão tão sensível. Isto porque continuam a cometer o mesmo erro. Ou seja, centram o debate única e exclusivamente na figura da mulher, no facto de abortar ser um direito que lhe assiste, não indo mais além. Ou seja, concebem o aborto como um direito absoluto, sem cuidarem que possa ser apenas uma última opção da mulher. Antes de todos os meios anti-concepcionais existentes no mercado e à disposição de todas as mulheres, mais iou menos informadas sobre isso. Mas o mais estranho, é que o aborto passa a depender única e exclusivamente da decisão da mulher. E o pai, também não tem opinião? Ou, só é chamado a pronunciar-se quando a a criança nasce ou quando a mulher decide levar a gravidez até ao fim? Bem sei que esta posição é demasiado radical, mas o facto de se centrar este problema única e exclusivamente na mulher, permite-se que os defensores do aborto se esqueçam deste aspecto, igualmente merecedor de protecção. Outra questão, é o facto de se utilizar o aborto com um meio para corrigir o "mal" feito. E que tal, utilizar meios preventivos para evitar esta situação e não transformar o aborto num "meio anti-concepcional"? É pedir muito ao Estado que, e em vez de pagar as comparticipações para a realização de abortos em estabelecimentos de saúde, sejam eles públicos ou prrivdos, utilziar esse dinheiro para educar a população portuguesa em termos sexuais? Através da disponibilização de consultas de planeamente familiar em centros de saúde, distribuição gratuita da pílula, de preservativos e de outros meios actualmente conhecidos. É pedir muito? Suponho que não. Pelo menos, evitava-se que, e caso este referendo aprove a despenalização do aborto, se fizesse como a avestruz e se enterrasse a cabeça na areia para, e mais tarde, se chegar à conclusão que houve um erro tremendo, e não se investiu como devia ser na prevenção. É apenas esta a mensagem que pretendo transmitir. Que seja feita a prevenção, apenas isso.

4 Comments:

At 11:10, Blogger Joana said...

Também vi um pouco desse debate, mas às tantas achei que ocupava melhor o meu tempo se fosse dormir.
Quanto às questões que levantas, num mundo perfeito o planeamento familiar seria perfeito, os métodos contraceptivos seriam perfeitos, todos nós teriamos vidas perfeitas.
Infelizmente não é o caso. A prática de abortos é uma realidade incontornável e as mulheres vão continuar a fazê-lo independentemente do resultado do referendo. A diferença é que num mundo perfeito ninguém opinaria acerca da decisão da mulher porque seria visto como natural que uma mulher pudesse decidir o que fazer com o seu corpo e pudesse escolher quando ser mãe.
Quanto ao facto de o aborto dever ser visto como último recurso, acredita que já é assim, e mesmo sendo legalizado continuará a ser. Nenhuma mulher decide fazer um aborto de ânimo leve (ao contrário do que algumas cabecinhas que acham que o aborto será visto como mais um meio contraceptivo). Um dos senhores presentes nesse debate dizia que o aborto não deve ser despenalizado porque deixa sequelas psicológicas na mulher. Ok. Também um parto deixa sequelas psicológicas e físicas na mulher, assim como uma gravidez não desejada.
Quanto ao papel do pai compreendo que tenhas essa posição, e acho que o homem terá sempre qualquer coisa a dizer, tal como deverá ser numa vida a dois. Mas a partir de um certo ponto a decisão será sempre da mulher. Como já escrevi anteriormente, a mulher não é uma fábrica de fazer bebés, deve ter o direito a uma gravidez consciente e desejada, e não apenas porque estranhos assim o entendem.
Como mulher posso dizer que já estou farta de que tentem pensar e decidir por mim!

 
At 16:16, Anonymous Anónimo said...

Vou entrar me blackout relativamente a este assunto! Pronto, entrei!

 
At 17:49, Anonymous Anónimo said...

O tema é, de facto, muito delicado. Ninguém se lembra de referir o pai na hora de falar em escolha, é certo. Mas também nunca ninguém se lembrou de penalizar o pai no caso de o aborto ser realizado. O Código Penal é bem claro: penalize-se a mulher e penalize-se quem a fizer abortar. Ou será que podemos incluir neste "quem...a fizer abortar" o pai que coagiu a mulher, que não quis saber, ou que simplesmente não lhe deixou outra escolha. O ditado diz, e é bem certo, que só quem está no convento sabe o que lá vai dentro.

Concordo que deve haver um investimento de verdade na educação sexual. Mas não podemos é ter ilusões. Por mais que esse investimento seja feito não produzirá efeitos a curto prazo, e mesmo quando os produzir não será em toda a população. Não nos podemos esquecer que vivemos num país de mentalidades fechada e, muitas vezes, atrasadas, no qual é falar de sexo é tabú e, em muitos lugares deste Portugal profundo, chega mesmo a ser encarado como pecado.

E já agora, como é que se pretende educar sexualmente um país quando a Igreja continua a defender que usar preservativo ou qualquer outro tipo de contraceptivo é crime???

Não deixo de concordar com as tuas palavras. Educar é imperativo. Mas o que se faz no meio termo? Continua a perseguir-se as mulheres que decidem abortar? Continua a deixar-se que se façam abortos em condições miseráveis???

Também seria bom reflectir sobre isto... Digo eu...

 
At 02:56, Anonymous Anónimo said...

Vi o debate tb... Assino em baixo sobre tudo o que disseste sobre o referendo. Eu votarei Não! Matar é crime! Logo tem que ser punido! Sou mulher, sou dona do meu corpo até ao momento que começar a existir outra viva dentro de mim!! A partir desse momento não tenho direito algum de tirar o direito de viver ao ser que está a crescer dentro de mim. Muitas mulheres dizem: "Quero ter o direito de decidir sobre o meu corpo...", e o DEVER, onde fica?! Orgulho-me sim de Mulheres que não pensam só em ser donas do seu corpo, e em direitos e mais direitos, mas que se preocupam com o DEVER de serem Mães se assim o destino quis e não elas! O filho não tem culpa, da ignorancia, da irresponsabilidade, da maldade, do puro egoismo que gira à volta de tudo isto! Agradeço à minha mãe por me ter trazido ao mundo, por muito complicado que ele seja. A minha mãe tinha 42 anos quando ficou gravida de mim, foi uma gravidez com a qual ela já não contava, e já de risco devido à idade! Mas cá tou eu!!! Viva e de saude, graças a Deus e a ela, para poder escrever a minha opinião sobre este assunto, como é tambem meu direito e DEVER como cidadã e que tanto me revolto por haver pessoas que entre deixar viver e matar, preferem matar pondo a sua própria vida em risco tambem! Aborto clandestino sempre houve e haverá!! Não por ser punido por lei, mas pela vergonha de o fazer! Quando não há sentimento de culpa não há motivo pra se esconder!
E fico por aqui... O assunto daria pano pra mangas...

Quanto a ti Pedro... E sem faltar ao respeito ao tratar-te por "Tu", continua assim a ver as coisas com olhos de VER.


Beijo

 

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