quinta-feira, 31 de maio de 2007

O estado (actual) do regime e a sua insustentável leveza

No passada segunda-feira, dia 28 de Maio, passaram 101 anos da revolução militar que, e liderada pelo General Gomes da Costa, se iniciou em Braga e alastrou rapidamente a todo o país, dando origem a um estado ditatorial, e posteriormente ao Estado Novo, e que vigorou durante quase meio século.
Ora, e apesar de assinalada algo tardiamente, esta efeméride passaria completamente despercebida à quase totalidade das pessoas se, e actualmente, não se verificassem situações próprias de um estado ditatorial, as quais, e segundo Hegel, parece que se estão a repetir.
Falemos por exemplo do condicionamento dos jornalistas.
Antes de mais, importa fazer um esclarecimento. Julgo ser pacífico e aceite por quase todos que Portugal é um país tendencialmente de esquerda, e que não aceita posições que possam ser consideradas, ainda que por uma minoria, de direita.
Relativamente ao condicionamento dos jornalistas. Recordam-se com certeza daquilo que, e num passado muito recente, o Dr. Morais Sarmento pretendia criar: uma central de comunicação.
Sem querer analisar as virtudes e os defeitos de tal projecto, verifica-se uma coisa óbvia. Houve alguém que teve a frontalidade e a ousadia de tornar pública a ideia de criação da referida central de comunicação.
É claro que os contestatários de tal projecto se fizeram ouvir até aos fins do universo, dizendo cobras e lagartos da sua criação, que iria ferir gravemente (e quiçá de morte) a liberdade de imprensa, iria afectar a independência dos jornalistas e dos jornais, iria tornar os jornalistas subservientes do Estado, e mais um não sei quanto de defeitos associados a esse projecto.
Todavia, importa referir que há uma ideia que deve ser destacada. A frontalidade que tiveram aqueles que queriam criar essa central de comunicação ao tornarem público esse projecto.
Com a saída do Primeiro Ministro, Dr. Durão Barroso, para a Presidência da Comissão Europeia, e a posterior demissão do Dr. Pedro Santana Lopes, pensar-se-ia que este projecto não seria retomado pelo actual Governo.
Pois bem, enganam-se redondamente. Não só foi retomado, como o foi de forma secreta e quase clandestina e com uma força imparável. E o mais incrível é que os membros do governo, sejam eles ministros, ajudantes de ministro, chefes de gabinetes e assessores, entre outros, não tenham a honestidade e a hombridade de assumir o firme propósito de criar e desenvolver um projecto que tenha por objectivo a centralização da comunicação com toda a imprensa, e posterior controlo não só da informação, assim como também dos seus profissionais.
Assim, e qualquer semelhança, entre uma situação desta e o sistema propagandista desenvolvido pelas Ditaduras, como por exemplo aquele que foi criado por António Ferro ou Joseph Goebbels, é apenas pura coincidência.
Ou seja, o Governo faria melhor ao país e a todos nós se, e de uma vez por todas, assumisse publicamente que queria transformar o regime aparentemente democrático vigente, num verdadeiro regime ditatorial, com chibos e delatores, com perseguições e intrigas, e com condicionamentos. Pelo menos seria mais honesto.

1 Comments:

At 15:53, Anonymous Anónimo said...

Por acaso, e só por mero acaso ;-), acho que tens razão.

Ao que parece, e se não é então o Governo disfarça muito bem, que a intenção é mesmo transformar Portugal, novamente, num regime ditatorial.

No entanto, também parece que o facto de Portugal estar integrado na União Europeia funciona como travão aos "instintos ditatoriais" do nosso Governo.

Valha-nos isso!!!

Bjs

 

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