quarta-feira, 28 de março de 2007

Uma análise a frio do concurso

Com o fim do concurso "Os grandes portugueses" promovido pela RTP, acabou, e por um lado, uma espécie de psicose geral para saber quem seria o maior de todos, e por outro acabaram os bons documentários sobre as vidas dos candidatos finais, com muita pena minha.

Entretanto, importa deixar duas ou três palavras sobre o concurso.

Primeiro, o maior português de todos sou eu! Isso não há margem para qualquer dúvida! lol

Segundo, o facto de ter ganho o Salazar não significa nada, a não ser um mau perder notório dos comunistas! E tendo dito isto, cada vez tenho mais a sensação que Portugal é um país tendencialmente de esquerda, em que não se podem falar dos demónios do passado, nomeadamente em Salazar, sob pena de se ser violentamente apedrejado em plena Praça do Comércio.

Porém, e o que é mais estranho é que se diz que o tempo da ditadura foi mau, muito mau, havia censura, falta de liberdade, etc. Entretanto, e o que se passou imediatamente no pós-25 de Abril foi igualmente grave, prisões arbitrárias e sem culpa formada, nacionalizações, um desrespeito total pela propriedade privada.

No entanto, e sobre isto ninguém fala. Na minha opinião, e só daqui a cerca de 75 ou 100 anos é que se poderá falar destes assuntos sem qualquer temor.

Mas, e nas palavras de um brilhante Professor que tive na faculdade, o qual entretanto faleceu, a única coisa boa que os comunistas fizeram quando estiveram no poder foi as nacionalizações. Foi o que nos permitiu obter receitas extraordinárias durante muitos anos.

Terceiro, gostei particularmente de ver a cara da Ana Gomes, e mais ainda da figura espalhafatosa que a Odete Santos fez ao ver que o Salazar tinha ganho o concurso e que tinha ficado à frente do Álvaro Cunhal.

O que ele podia ter evitado, de todo, era uma ameaça de strip tease em directo. Isso é perfeitamente dispensável!

7 Comments:

At 00:40, Blogger Nicolina Cabrita said...

Olá, meu Colega!
Eu ainda conheci o "antes", e tenho uma boa memória do "depois" do 25 de Abril. Acredite que não tem comparação. O que acontecia antes, em termos de prisões arbitrárias, censura, delito de opinião, desigualdades, etc, etc, era incomparávelmente mais grave que aquilo que se passou depois do 25 de Abril (ainda que no "depois" também tenham ocorrido coisas graves). E parece-me normal que assim seja. Afinal, foram 48 anos...
Um abraço

 
At 08:53, Blogger Pedro said...

Cara Colega,

Não posso negar, e a História também não me deixa fazer essa negação, da existência de episódios maus do Estado Novo.

Todavia, a História não tem só uma versão. Quase todos nós nos esquecemos da ingovernabilidade do país no período entre a implantação da república e o golpe de 28 de Maio de 1926. Foram dezenas de governos e de presidentes da república, as finanças num estado de pré-falência, enfim um estado de pré-anarquia.

Agora, não fez só mal, também fez coisas boas pelo país. Por exemplo, encetou uma recuperação económica e financeira, protegeu o país durante a Guerra Civil de Espanha e na II Guerra Mundial, sendo que, e após este último conflito, é que começou o descalabro.

Ele não soube interpretar os ventos da mudança.

Entretanto, e actualmente conhece-se um pouco melhor o período da ditadura do que o pós-25 de Abril. Será porque os principais intervenientes ainda estão vivos? Quero creer que não.

Por fim, e sei que esta afirmação vai chocar muita gente, mas e durante a ditadura as regras estavam definidas, as pessoas sabiam o que podiam e o que não podiam fazer. Actualmente, essa definição está numa área cinzenta. As pessoas não sabem como se devem comportar porque as regras, e apesar de serem definidas à partida, são alteradas consoante às marés e as vontades.

Assim não há país que resista.

Abraços

 
At 09:28, Anonymous Anónimo said...

O Grande Português és tu??? Sim, a verdade é que "tens praí 5 metros"... LOL

Agora a sério.

Acho que se deu importância a mais a um mero programa de entretenimento. A meu ver, a interpretação que deveria fazer-se desta "eleição" é muito simples: vamos "eleger" uma figura marcante da História de Portugal - a mais marcante.

Se "eleger" a mais marcante seria muito complicado, porque a história não é marcada apenas por um ser humano, então "elegeu-se" uma das mais marcantes. E aí, ninguém poderá negar que Salazar é, foi, e será sempre, uma das figuras mais marcantes da História de Portugal. Quer se goste, quer não...

Opções politico-partidárias à parte, pessoalmente fiquei contente com a vitória, uma vez que os meus preferidos eram Salazar e o Marquês de Pombal.

E é melhor ficar por aqui, até porque a Praça do Comércio é já alí e eu sou muito nova para ser "apedrejada"... LOL

Bjs

 
At 15:30, Blogger Rafeiro Perfumado said...

Primeiro, eu é que sou o presidente da junta, isto é, o maior português.

Segundo, este concurso serviu para demonstrar que o pessoal vota em quem mais se lembra ou em quem mais gosta, não conseguindo fazer uma análise fria da "grandiosidade" de cada um. Coitado do Afonso, que bateu na mãe e andou à porrada com os mouros, para podermos ter um país e nem no pódio fica!

 
At 12:51, Blogger Pedro said...

Rafeiro,

Tu podes ser o presidente da junta, mas eu é que mando. Logo, sou o maior dos maiores!!!! lol

Para além do D. Afonso Henriques, temos dignos representantes da língua portuguesa que também não ficaram no pódio, por exemplo o Luís Vaz de Camões, Eça de Queirós, entre tantos outros.

Abraços

 
At 20:48, Blogger Joana said...

As pessoas que votaram neste concurso são as mesmas que votam para as saídas no Big Brother e programas afins. Assim se explica tal resultado. Apesar de Salazar ser uma figura inegavelmente marcante da nossa História, não é certamente o maior português de sempre. Este resultado faz lembrar as conversas das velhas na Carris: "No tempo so Salazar é que era!" :)

 
At 01:48, Blogger Nicolina Cabrita said...

À estabilidade das normas válidas corresponde a solidez dos fundamentos da educação. Da dissolução e destruição das normas advém a debilidade, a falta de segurança e até a impossibilidade absoluta de qualquer acção educativa.(...)
Assim escreveu o Jaeger.

Como se vê, a sua ideia de que a incerteza sobre as regras impede uma "boa educação", não só está certa como é antiga...

Abraço

 

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