Finalmente a decisão
Finalmente o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior tomou uma decisão sobre o caso que alimentava a opinião pública nas últimas duas semanas. Não, não se trata de uma apreciação da licenciatura do Primeiro-Ministro, mas antes do despacho provisório de encerramento compulsivo da UnI.
Assim, o referido Ministro decidiu-se a proferir um despacho provisório em que determina encerramento compulsivo da UnI, por considerar que esta a instituição está funcionar «em manifesta degradação pedagógica».
Não satisfeito com esta decisão, o titular da pasta do Ensino Superior permitiu-se pronunciar o caso da licenciatura do Primeiro-Ministro, qualificando-o como "exemplar".
Classificou-o como "exemplar" porque, e segundo o Ministro, "voltar à escola e aprender deve ser motivo de regozijo para todos".
Todavia, e não satisfeito, continuou a referir que o Primeiro-Ministro "fez o bacharelato em Engenharia no Instituto Politécnico de Coimbra. Anos depois decide regressar ao ensino superior e inscreve-se no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa onde frequenta um ano com bom aproveitamento. De seguida transfere-se para a UnI para terminar o sexto ano de estudos superiores. Pede equivalências, conforme a lei. Termina a sua licenciatura. Anos depois regressa aos bancos da escola, inscreve-se no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa para frequentar, com excelente aproveitamento, um MBA".
Esta afirmação do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior merece alguns comentários da minha parte.
Primeiro, é-me completamente irrelevante que o Primeiro-Ministro tenha ou não uma licenciatura ou uma MBA. Por mim, ele até podia só saber ler, escrever e contar, ou seja a quarta classe. O que interessa é que ele governe bem.
Entretanto, e a título de exemplo, recordo-me do Presidente da Lactogal. Conseguiu desenvolver uma cooperativa regional de produtores de leite na maior da Península Ibérica, apenas com a antiga quarta classe. Isto sim, isto é que é exemplar e motivo de regozijo.
Como também é exemplar e motivo de regozijo ver pessoas de 60 ou 70 anos de idade sentadas num banco de escola a aprenderem a ler, a escrever e a contar. Isto é que é verdadeiramente motivo de regozijo.
Paralelamente, e se o percurso escolar do Primeiro-Ministro é considerado "exemplar", o que dizer do percurso do Professor António Damásio ou do Professor Gentil Martins, por exemplo.
O que é verdadeiramente triste é ver jovens da minha geração que querem prosseguir os estudos nas suas áreas de formação superior e só o podem fazer no estrangeiro. E depois são reconhecidos lá fora como extremamente competentes, profissionais e sábios, seja em que área for.
Qualificar-se como "exemplar" um percurso escolar daqueles, é aquilo que há 50 ou 60 anos atrás se chamaria culto do chefe, e que hoje, assim pensava eu, é diabolizado.
Todavia, importa referir que o Ministro esteve bem ao proferir aquele despacho. Aliás, era o único possível.
Porém, fica agora uma pergunta. Foi preciso ver as comadres zangarem-se e lavarem a roupa suja em público para a tutela intervir e tomar uma decisão?
Assim, o referido Ministro decidiu-se a proferir um despacho provisório em que determina encerramento compulsivo da UnI, por considerar que esta a instituição está funcionar «em manifesta degradação pedagógica».
Não satisfeito com esta decisão, o titular da pasta do Ensino Superior permitiu-se pronunciar o caso da licenciatura do Primeiro-Ministro, qualificando-o como "exemplar".
Classificou-o como "exemplar" porque, e segundo o Ministro, "voltar à escola e aprender deve ser motivo de regozijo para todos".
Todavia, e não satisfeito, continuou a referir que o Primeiro-Ministro "fez o bacharelato em Engenharia no Instituto Politécnico de Coimbra. Anos depois decide regressar ao ensino superior e inscreve-se no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa onde frequenta um ano com bom aproveitamento. De seguida transfere-se para a UnI para terminar o sexto ano de estudos superiores. Pede equivalências, conforme a lei. Termina a sua licenciatura. Anos depois regressa aos bancos da escola, inscreve-se no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa para frequentar, com excelente aproveitamento, um MBA".
Esta afirmação do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior merece alguns comentários da minha parte.
Primeiro, é-me completamente irrelevante que o Primeiro-Ministro tenha ou não uma licenciatura ou uma MBA. Por mim, ele até podia só saber ler, escrever e contar, ou seja a quarta classe. O que interessa é que ele governe bem.
Entretanto, e a título de exemplo, recordo-me do Presidente da Lactogal. Conseguiu desenvolver uma cooperativa regional de produtores de leite na maior da Península Ibérica, apenas com a antiga quarta classe. Isto sim, isto é que é exemplar e motivo de regozijo.
Como também é exemplar e motivo de regozijo ver pessoas de 60 ou 70 anos de idade sentadas num banco de escola a aprenderem a ler, a escrever e a contar. Isto é que é verdadeiramente motivo de regozijo.
Paralelamente, e se o percurso escolar do Primeiro-Ministro é considerado "exemplar", o que dizer do percurso do Professor António Damásio ou do Professor Gentil Martins, por exemplo.
O que é verdadeiramente triste é ver jovens da minha geração que querem prosseguir os estudos nas suas áreas de formação superior e só o podem fazer no estrangeiro. E depois são reconhecidos lá fora como extremamente competentes, profissionais e sábios, seja em que área for.
Qualificar-se como "exemplar" um percurso escolar daqueles, é aquilo que há 50 ou 60 anos atrás se chamaria culto do chefe, e que hoje, assim pensava eu, é diabolizado.
Todavia, importa referir que o Ministro esteve bem ao proferir aquele despacho. Aliás, era o único possível.
Porém, fica agora uma pergunta. Foi preciso ver as comadres zangarem-se e lavarem a roupa suja em público para a tutela intervir e tomar uma decisão?
8 Comments:
Pela primeira vez, concordo plenamente com o que escreves.
Como diz o ditado popular: zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades. É assim em tudo em Portugal. Não devia ser, mas, e infelizmente, é!
Bjs
E o mais engraçado é ver a a oposição tão caladinha. Como Sócrates há mais uns quantos na mesma situação.
Agora é esperar e ver a entrevista de logo à noite... Que, sinceramente, parece-me (a mim e ao meu mau feitio, é claro) será uma grande fantochada...
Bjs
Epa hj a noite quero ver o que o gajo tem pa dizer, fosgace é que esta polemica toda ja irrita
Caro amigo,
assisti ao vivo(via SICNOTICIAS) à comunicação do ministro da educação.
Maçadora e repetitiva, mas, quando ele começa a dissertar sobre a carreira do PM, constatei que era a voz do dono a falar e não queria acreditar!!
No resto já não me interessa saber mais nada.
Tantas alterações são algo suspeitas, faz-me lembrar a minha carreira nos primeiros anos da minha vida onde percorri 3 escolas primárias e um externato com excelente aproveitamento.
Abraço,
Joana,
Todas as alminhas que pululam no nosso "digníssimo" Parlamente têm telhados de vidro, e do mais fino que há.
Ao mínimo grau de pó que aterre estilhaçam-se em mil pedaços...
BigMac,
Se, e no decurso da minha vida aprendi uma coisa, é que não há fumo sem fogo...
Entretanto, tenho um pressentimento que só me faltam ver porcos a voar porque até agora já vi quase tudo...
Enviar um comentário
<< Home