Um post que não seria, mas vai ser publicado...
Há cerca de um mês desabafei num post que tinha "(...) uma ideia politicamente incorrecta para um post." e que "(...), e após alguns momentos de reflexão, decidi que essa ideia não será traduzida por palavras.".
Pois bem chegou a altura certa para traduzir por palavras o que me ia, e o que ainda vai na minha alma.
Ora não é segredo para ninguém que a nossa sociedade é totalmente materialista, hipócrita e destituída de qualquer sentimento de ajuda ao próximo. No entanto, o que se tem vindo a demonstrar, e para além daquelas "virtudes", são outras ainda mais graves.
Falo assim da indiferença, da apatia, da desonestidade, da monotonia, da uniformidade, do desaparecimento de todos os critérios e virtudes da nossa sociedade e da capacidade para alterar as regras a meio do jogo.
Actualmente, e não é segredo para ninguém que o nosso país atravessa uma fase complicada. Direi mesmo muito crítica e sensível. É o momento do agora ou nunca.
Todavia, verifica-se que a nossa sociedade não só está adormecida, como está inerte. É uma espécie de "Maria vai com as outras", não pára para se questionar sobre se o rumo que está a ser seguido é o mais correcto.
Não se questiona sobre se as regras, e já nem falo das regras jurídicas, estão a ser respeitadas. É uma sociedade que se acomodou com o facto de ser espoliada da sua integridade e da sua identidade para benefício, e mais grave, para capricho de uma pequena minoria.
Adaptando a frase proferida por Winston Churchill, quando este referiu que "Nunca tantos deveram a tão poucos", actualmente vivemos uma fase em que nunca tantos se sentiram tão desprotegidos por tão poucos!
Essa desprotecção é a todos os níveis, como é público e notório, a qual, e é, consequentemente, geradora da tal indiferença que já fiz referência.
É minha opinião que a actual situação só terá solução quando formos de facto exigentes, não só connosco, mas também, e principalmente, com os outros. Já não podemos ter um papel passivo, de meros receptores. Temos de assumir um papel activo, e emissores!
Uma das coisas que me dá mais mágoa é ver o estado a que chegou a educação em Portugal. E neste assunto, todos nós temos culpa no cartório. Não só porque, e ao longo dos anos, os destruíram ou tentaram destruir duas ou três gerações ao não lhes proporcionar um educação com qualidade e com nível, como também porque nós nos acomodamos e não exigimos essa educação.
Temos de largar aquela venha imagem de que nós não somos um povo que não se governa e não se deixa governar, como bem notou Júlio César.
Muito pelo contrário. Nós somos um povo que se quer governar, mas queremos governarmo-nos bem, aliás, muito bem. E neste particular falo por mim. Quero exigência e excelência em todos os momentos do nosso país. Quero que a boa moeda expulse a má moeda, os incompetentes e os inúteis, os chulos e os fracassados, enfim os ressabiados da vida.
Quero, e exijo que as coisas finalmente entrem nos eixos, como já deveriam ter entrado há muito tempo! Quero que as coisas sejam claras, transparentes e claras, e não obscuras e pouco claras. Para uma situação em que não sei o que posso dizer ou fazer, prefiro viver em Ditadura. Pelo menos, e nessa situação sei com o que é que conto e como me devo portar.
Actualmente, e com muita pena minha, não sei com o que é que conto ou posso vir a contar num futuro mais ou menos próximo.
Olho com tristeza e muita mágoa para situações em que se privilegia o facilitismo e o dolce fare niente, e se abomina a exigência e o laissez faire!
Ou seja, aqueles que querem trabalhar e progredir não podem porque os incompetentes e os inúteis não só não deixam, como não permitem de todo, e ainda são louvados e recompensados!
É com este sentido que digo que as regras do jogo foram alteradas, direi mesmo mais foram totalmente subvertidas para nossa grande desgraça e não sei se haverá forma de serem alteradas a nosso favor.
6 Comments:
No meio deste texto, Pedro, só não percebi onde estava o "politicamente incorrecto". Mas que vai difícil enidreitar isto, isso vai. Dou-te um exemplo: ontem apareceu nas estações de comboio um cartaz, com data de 23 de Abril, dizendo que hoje não haveria comboios. Lá veio o rafeiro mais uma data de gente de carrinho, pagar gasolina e parquimetro. Afinal a greve é desconvocada e seria até 5 de Maio, e não apenas hoje. Se não fosse por estar num blog alheio, chamava-lhes uns quantos nomes...
Rafeiro,
O politicamente incorrecto não está indicado de forma explícita e expressa no texto, mas antes de forma implícita...
É melhor, como tu sabes o Big Brother is watching us...
Abraços
Carissimo Pedro, numa sociedade onde se adormece o povo com futebol, musica pimba, talk-shows, etc... Temos uma percentagem de "inteligentes" e uma maioria de trabalhadores escravizados nas teias da democracia controlada. Desde cedo as pessoas são agrupadas em rebanhos, quem entra no rebanho certo tem regalias, nem tem a ver com o valor próprio. O procurar progresso sem a ideia de ingresso no rebanho é tão mais dificil...
Ainda não passarm os 15 ou 20 anos desde aquele post, mas satisfaz-me que ao fim de "outros" 30 e tal anos, estejas aqui, com liberdade suficiente para afirmar que preferias (não acredito e nem tu) viver em ditadura. Para afirmar, e bem, que isto vai mal, que algo tem de mudar urgentemente, que o fare niente precisa deixar de ser privilegiado e que é preciso fazer renascer valores que são imprescindiveis par uma boa vivência pessoal e social
Caríssimo BigMac,
Tocaste em dois pontos essenciais. Demcoracia controlada e rebanhos...
Quanto à democracia controlada não é preciso demonstrar muito. Basta olhar e ver um país que é tendencialmente de esquerda, suejitar-se ao controlo dessa força política e quando a direita sobe ao poder aqui d'el rei e mais não seo o quê...
Quanto aos rebanhos, essa ideia não me repugna. Agora, o que repugna são os rebanhos inúteis serem privilegiados em deterimento dos úteis e produtivos. Isso sim...
Abraços
Caro foryou
Só preferiria viver em ditadura porque nesse regime saberia quais as regras pelas qual me regeria.
Actualmente, é-me muito difícil saber quais elas são.
Hoje em dia confunde-se liberdade com livre arbíritrio e excessos.
Para se ter direito à liberdade há que ter bom senso e isso é algo que a maioria do povo português não tem.
E quanto aos valores, eu apenas "exijo" justiça e bom senso. É pedir demais? Acho que não...
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