sábado, 16 de dezembro de 2006

Finalmente, a análise...

"(...). Não se enterre precocemente este novo PSL, pois se há políticos que mostraram ser capazes de renascer, mesmo quando dados por definitivamente enterrados, entre esses políticos está Santana Lopes. ". Esta é a ideia chave do livro escrito por Pedro Santana Lopes acerca do período conturbado que a sociedade portuguesa viveu durante o segundo semestre de 2004. Nesse livro, Pedro Santana Lopes relata-nos o período prévio à sua nomeação pelo Presidente da República, o qual coincidiu com a saída de Durão Barroso para a Presidência da Comissão Europeia, o período em que, e durante seis meses, foi Primeiro Minsitro de Portugal e o período relativo à sua saída de cena. Descreve-nos igualmente o período em que teve de formar o Governo, assim como muitas das medidas que tomou em seis meses e aquelas que se preparava para tomar. Fala-nos igualmente, ainda que de forma superficial, sobre a sua relação institucional com o Presidente da República de então, Dr. Jorge Sampaio, e dos ataques que este alegadamente lhe moveu. E deixo para o fim a análise que Pedro Santana Lopes faz sobre Marcelo Rebelo de Sousa e sobre o actual Presidente da República, o Professor Cavaco Silva. Se, e por um lado me desiludiu o facto de não ter relatado com mais pormenor as relações institucionais entre o Primeiro Ministro e o Presidente da República, não me desiludiu de todo o facto de ter um ódio de estimação contra aqueles dois. Ora, e no referido livro, Pedro Santana Lopes descreve ao pormenor o famoso episódio que levou à saída de Marcelo Rebelo de Sousa da TVI, assim como a falta de solidariedade do Presidente da República para com o Governo nesse episódio, e ainda a falta de solidariedade demonstrada pelo Dr. Henrique Chaves. Ao ler o livro, fiquei simultaneamente desiludido e satisfeito. Começemos pelo lado bom. Fiquei satisfeito pelo facto de alguém ter escrito sobre aquele período conturbado na História de Portugal. Ter demonstrado, ainda que de forma parcial, os comos e os porquês, e também os quem, que levaram a que vivessemos aquele período. No entanto, fiquei desiludido pelo facto de não se ter feito uma análise ainda mais profunda dos factos que levaram à saída de Durão Barroso do Governo, à nomeação de Pedro Santana Lopes como Primeiro Ministro, à relação deste com o Presidente da República, e aos factos que levaram à saída daquele do cargo de Primeiro Ministro. A minha opinião, a qual já estava formada antes de ter lido o livro, era que, e com a saída de Pedro Santana Lopes do cargo de Primeiro Ministro se tinha feito um golpe de estado constitucional em Portugal, o qual foi prepertado pelo Presidente da República, de forma a permitir a que o PS, e após ter arrumado a sua casa, entenda-se ter elegido um novo líder, pudesse chegar ao Governo o mais rapidamente possível. É claro que o período em que Pedro Santana Lopes foi Primeiro Ministro foi agitado e fértil em situações caricatas e em casos. No entanto, e para ser analisado correctamente, devem ser interpretadas as actuações de todos os intervenientes, leia-se o Presidente da República, PS e comunicação social, para além do Governo e do PSD e CDS-PP. É claro que muitos dos leitores deste blog poderão não concordar com esta minha opinião. Poderão dizer que Pedro Santana Lopes tem a mania da perseguição e que se está a fazer passar por coitadinho. Respeito e compreendo as vossas opiniões. No entanto, é bom não esquecer que, e no referido livro, são descritas situações gritantes e demonstrativas da falta de solidariedade institucional entre órgãos de soberania, e agora tão em voga com a famosa cooperação institucional. Menciono, e a título de exemplo o episódio relativo à elaboração e análise do Orçamento de Estado para 2005. Pois bem, e após ter lido este livro, fiquei com uma ideia ainda mais reforçada. Pedro Santana Lopes não morreu politicamente, vai regressar ainda mais forte do que quando estava na ribalta, e quem não acreditar neste facto está redondamente enganado.

8 Comments:

At 19:14, Blogger Rafeiro Perfumado said...

Mais forte? Ó Pedro, mas ele alguma vez foi forte? Para mim nunca deixará de ser um caso de muito Show-off...

 
At 00:15, Blogger Márisa said...

Parece-me um livro interessante!
Quanto à tua opinião sobre o regresso de Pedro Santana Lopes, não sei. Mas se isso acontecer certamente que me vou lembrar de ti e das tuas palavras. :-)
Um bom fim de semana.
Beijo

 
At 01:54, Blogger Pedro said...

Rafeiro,

Antes de mais, quero esclarecer que não estou a fazer a defesa de ninguém. Estou apenas a exprimir a minha opinião relativamente a este assunto.

Agora, temos de concordar de uma coisa. O homem pode ser um caso de show-off, popularidade, social, etc, no entanto tem carisma para muitas pessoas.

Pode é não ser levado a sério, o que é um caso diferente. Mas lá que é forte, é.

Abraços

 
At 01:56, Blogger Pedro said...

Márisa,

O livro é interessante, quanto mais não seja pelo facto de ser uma versão do que se passou. Mas importa esquecer que ninguém desmentiu o que lá vem escrito... Isso é que é estranho, se é mentira seria normal que o viessem desmentir. No entanto, ninguém o desmentiu...

Mas, PSL já deu o primeiro passo para regressar...

Bjs

 
At 15:36, Blogger Joana said...

Pedro, já sabes a minha opinião quanto ao assunto PSL. Acho que o tipo é uma nulidade e o acto do PR só veio provar isso (pode ser ingenuidade, mas penso que só uma data de trafulhices gigantescas pode ter levado a essa atitude).
Quando ao "renascer das cinzas" ainda mais forte, faço minhas as palavras do Rafeiro. PSL nunca impressionou pela competência e não será depois de tudo o que se passou que o conseguirá. Pode é voltar ao que sempre foi, porque de um modo geral a memória é curta.

 
At 23:13, Blogger Pedro said...

Joana,

Se o PR tivesse sido um homem com coragem, primeiro não tinha deixado que o Durão Barroso fosse exercer a Presidência da Comissão Europeia, por mais prestigiante que o cargo pudesse ser, e segundo tinha de convocar eleições antecipadas, apesar de existir uma maioria estável na Assembleia da República.

Agora, ser uma nulidade ou não, cada um tem a sua opinião.

Entretanto, não nos podemos esquecer que tivemos um Primeiro Ministro que fugiu após ter tido uma derrota em eleições autárquicas.

Qual é pior? Se calhar são iguais.

Agora, não te podes esquecer de uma coisa que já te disse por diversas vezes. Portugal é um país tendecialmente de centro-esquerda e foi essa maioria tendencial que levou a que tivessemos um marasmo de 6 meses, com os partidos de esquerda e o PR a ajudar à festa.

Finalmente, e uma vez que estava tudo seguro por fios, PSL tentou apenas segurar as pontas, mas foi atacado por todos os lados...

Esse é que foi o problema, e com isto não o quero defender. Ele é maior e vacinado.

 
At 12:02, Blogger Joana said...

"Se o PR tivesse sido um homem com coragem, primeiro não tinha deixado que o Durão Barroso fosse exercer a Presidência da Comissão Europeia, por mais prestigiante que o cargo pudesse ser,"
Apesar de condenar a atitude de Durão Barroso, o PR não tinha nada que impedir coisa nenhuma neste caso. Viver em democracia tem destas coisas... Não obstante o 1º Ministro vincular-se por um período de 4 anos, ninguém o obriga a permanecer lá todo esse tempo.
E sim, não sou grande apreciadora da UE em geral, mas ainda é cargo de prestígio assumir a presidência da Comissão.

"tinha de convocar eleições antecipadas, apesar de existir uma maioria estável na Assembleia da República."
Aqui é que foi a desgraça. Ou convocava eleições antecipadas, o que do ponto de vista da situação que o país atravessava à altura, apesar de ser a solução mais rigorosa, causaria ainda amis estabilidade, ou deveria ser escolhida a Manuela Ferreira Leite, n.º 2 do governo.

"tivemos um Primeiro Ministro que fugiu após ter tido uma derrota em eleições autárquicas.

Qual é pior? Se calhar são iguais."
Isso depende do ponto de vista. Um foi cobarde, mas acabou por admitir implicitamente a sua derrota; o outro sempre se achou um iluminado, capaz da tarefa.

"Portugal é um país tendecialmente de centro-esquerda e foi essa maioria tendencial que levou a que tivessemos um marasmo de 6 meses, com os partidos de esquerda e o PR a ajudar à festa."
Não me aprece que seja por aí. Mesmo concordando com a tendência política do país, também é certo que desde sempre que o Governo vai alternando entre PS e PSD. Há sempre tachos para todos ficarem contentes. É uma questão de ciclos.
E volto a afirmar o mesmo: metade das trafulhices nem devem ter vindo a público. Para o PR tomar aquela atitude algo de muito grave devia estar a acontecer (como se já não bastasse o que vinha a público).

"PSL tentou apenas segurar as pontas"
O que me pareceu foi alguém extremamente agarrado ao poder, já que não sabia o que o futuro lhe reservava.

Penso eu de que... :)

 
At 23:38, Blogger Pedro said...

Joana,

Se vivemos em democracia como tu muito bem dizes, devemos compreender a posição dele. Agora, continuo a pensar que o PR deveria ter feito mais pressão sobre o Durão Barroso para ficar e não sair a meio do mandato.

Eu entendo que, e com essa oportunidade, ficou com o caminho aberto para auxiliar o PS a chegar mais rapidamente ao poder.

Agora, e quanto à posição do Guterres, eu entendo que esta é pior. Fez com que vivessemos um conto de fadas durante anos consecutivos com a sua faceta de diálogo e de consensos e quando o PS foi derrotado em eleições autárquicas, aproveitou a oportunidade para abandonar o barco que ele próprio tinha ajudado, e muito, a afundar.

Entretanto, e se Manuela Ferreira Leite não quissesse assumir o cargo de Primeiro Ministro ou se o PSD não a indicasse. Seriam convocadas eleições antecipadas ou deveria dar-se uma nova oportunidade ao PSD para indicar outra pessoa? Não te esqueças que existia uma maioria estável na AR...

Não posso deixar de discordar com a tua última afirmação. Nao te esqueças que após o PR ter dissolvido a AR, foi o próprio Governo que se demitiu. Entretanto, ninguém podia deixar de pensar que o futuro era bastante negro. Até o PSL...

 

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