quarta-feira, 27 de junho de 2007

O reviver do Verão Quente de 2004

Verão de 2004. Num recanto banhado pelo mar, e invadido por uma espécie de demência futebolística provocada pelo Euro 2004, preparava-se um novo Verão quente. Durão Barroso negava que pudesse vir a ser o próximo Presidente da Comissão Europeia e assim, tapando-nos o sol com uma peneira, enganaram-nos durante um breve período de tempo.

Pois bem, Durão Barroso veio a ser eleito Presidente da Comissão Europeia, cargo que ainda mantém e que poderá manter no futuro, a fazer fé nas notícias que de vez em quando pululam nos meios de comunicação nacionais e estrangeiros.

E com essa saída deixou o Presidente da República de então, o Dr. Jorge Sampaio, com o "menino nos braços".

Caso não fosse uma situação real, podia muito bem ser o guião de um filme dramático ou até mesmo de uma tragédia grega.

Assim, e após "(...) muitos metros percorridos em silêncio e com o olhar erradio. (...)" em direcção ao seu gabinete, o Dr. Jorge Sampaio acabava de anunciar ao País que iria ouvir os partidos políticos com assento parlamentar e o Conselho de Estado, nos termos do disposto na alínea a) do artigo 33º da Constituição da República Portuguesa, para analisar a dissolução da Assembleia da República no famigerado Verão quente.

Todavia, o Dr. Santana Lopes, e numa jogada de antecipação, decide apresentar a demissão e provocar eleições antecipadas.

De qualquer modo, vamos um pouco atrás. Durante esse Verão quente punham-se dois cenários ao Presidente: dissolver a Assembleia da República e provocar eleições antecipadas ou então aceitar e dar posse a Santana Lopes como o Primeiro Ministro.

Ele escolheu a segunda hipótese para gáudio de muitos e desespero de outros tantos.

Pois bem, 2 anos após estes acontecimentos e 1 ano após a publicação do livro "Percepções e Realidade", existem pessoas que insistem em dar razão a Pedro Santana Lopes quanto à teoria da cabala e da conspiração. Essa pessoa é João Gabriel com a publicação do livro "Confidencial – A década de Sampaio em Belém".

Na minha humilde opinião, ainda que algo ingénua, creio que o anterior Presidente da República não tem a mínima noção do que consta daquele livro quanto a este episódio. Pois se a tivesse, não "deixaria" que saísse mais informação sobre esse tema.

Será como reabrir feridas antigas e mal cicatrizadas.

Tudo isto para dizer que, e quem não queria dar posse a Santana Lopes como Primeiro Ministro, e queria que o PSD indicasse uma outra personalidade para ocupar tal cargo, arrisca-se não a dar um tiro no pé, mas antes a deixar cair uma bomba atómica em cima do mesmo.

Já estou mesmo a imaginar Pedro Santana Lopes a dizer qualquer coisa deste género: Eu bem avisei que tinha sido alvo de uma conspiração para evitar chegar ao terceiro lugar da hierarquia do Estado e ele (Dr. Jorge Sampaio) foi mau para mim.

Medo, muito medo...

P.S. - Recomendo a leitura deste post, publicado em 16 de Dezembro de 2006, com uma breve análise ao livro "Percepções e Realidade" e considerações várias sobre este tema.