segunda-feira, 25 de junho de 2007

A procissão ainda vai no adro (ou talvez não)

Há já algumas semanas atrás, e numa entrevista à revista "Visão", o Prof. Saldanha Sanches alertou para um alegado “convívio” entre Magistrados do Ministério Público e autoridades locais, nomeadamente Presidentes de Câmaras Municipais de província.

Ora, e a certa altura, o Prof. refere na referida entrevista que "(...) Por exemplo, nas autarquias de província há casos frequentíssimos de captura do Ministério Público pela estrutura autárquica. Há ali uma relação de amizade e de cumplicidade, no aspecto bom e mau do termo, que põe em causa a independência judicial. (...)".

Se não fosse a apresentação pelo Dr. José António Barreiros de uma queixa-crime contra incertos junto da Procuradoria Geral da República, este assunto teria morrido de imediato. Ou seja, as afirmações teriam caído em saco roto como caiem normalmente as que são proferidas quase continuamente pela Dra. Maria José Morgado e como aquelas que foram proferidas pelo Eng. João Cravinho, antes de ser "exilado" em Paris, sobre este assunto em particular, e sobre a corrupção em geral.

No entanto, e sem querer apreciar do mérito ou demérito da apresentação dessa queixa-crime, não só por uma questão de má educação como o facto do meu estatuto não me permitir que me pronuncie sobre processos em curso, entendo que, e à primeira vista, é uma tentativa para que isto não caia no esquecimento, apesar de todos sabermos como são tratados nas instâncias judiciárias os ditos crimes de "colarinho branco".

Porém, uma das lições básicas da economia é o facto de não existirem almoços grátis. Ou seja, toda a acção ou omissão tem um custo, o qual poderá ser maior ou menor. Mas é certo que existe um custo, o qual será pago ou mais cedo ou mais tarde do que se pensa, mas será sempre pago.

Quero crer que esta queixa crime foi apresentada com o firme propósito para averiguar da veracidade ou não das palavras proferidas pelo Prof. Saldanha Sanches na entrevista à revista "Visão", assim como para averiguar se existem ou não esses casos de "captura", e que não tem quaisquer outros fins, mais ou menos obscuros, e que sejam imperceptíveis para o comum dos mortais.

No entanto, e na eventualidade de assim não ter sido, o feitiço poderá muito bem virar-se contra o feiticeiro. Agora, e apesar de ainda não ter o dom de ver o futuro, arrisco-me a dizer que, e se calhar mais cedo do que pensamos, quem cuspiu para o ar poderá, e muito bem, levar com ela em cima, sendo que, e depois não se queixe.

Paralelamente, importa referir que, e a título de parêntesis, este post já tinha sido pensado, todavia só agora é que foi escrito, não por falta de tempo, mas porque entendi que era a altura certa, apesar da falta de atenção dada pelos meios de comunicação social a este assunto.

Ora, e se já não bastasse uma troca de galhardetes pouco nítida, mas certeira, veio o candidato a Bastonário da Ordem dos Advogados Portugueses, o Dr. António Marinho, bater forte e feio no queixoso com a publicação no seu site de candidatura de um artigo sobre este assunto (vide artigo "ELEIÇÕES OA – AS PIRUETAS MEDIÁTICAS DE JOSÉ ANTÓNIO BARREIROS").

Apesar de, e na minha humilde opinião, ser um artigo demasiado brusco e duro, entendo que será apenas o fim do primeiro round e que os próximos, cada vez mais agressivos, virão num futuro, que não se sabe se será próximo ou longínquo.

Paralelamente, e a título de curiosidade, e para que seja mais facilmente compreensível, ou não, esta situação, o próprio Dr. José António Barreiro começou a sua carreira por ser um Digníssimo Magistrado do Ministério Público...

Por fim, e à laia de conclusão, quem acompanha estes textos, há-de verificar que este texto foi escrito com um prudência inusitada. Tal tem uma justificação simples. A guerra não é minha, e como tal, não quero sofrer danos colaterais.

2 Comments:

At 09:55, Anonymous Anónimo said...

O melhor mesmo é ficares quietinho no teu canto, sem fazer grandes ondas. Nunca se sabe o que pode vir por aí, e de onde menos se espera.

Quanto ao post, acredito que se houvesse um pouco mais de respeito pelos princípios deontológicos que o nosso estatuto prescreve, muitas destas declarações jamais seriam proferidas. Resta-nos a vã esperança de que um dia as coisas sejam melhores. Até lá vamos assistindo a situações como estas, nas quais alguns ilustres acreditam que por existir liberdade de expressão podem dizer tudo o que lhes passa pela cabeça sem sequer medirem a amplitude das suas declarações.

Bjs

 
At 10:12, Blogger Pedro said...

Estas actuações e estas conversas só vêm demonstrar a existência de filhos e de enteados na OA.

Para tanto, é necessário que aquela instituição seja reorganizada dos pés à cabeça...

 

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