terça-feira, 31 de outubro de 2006

E ainda questões relacionadas com o próximo referendo

Ainda relativamente ao meu último post, decidi voltar a falar sobre o próximo referendo ao aborto. Isto porque na passada segunda-feira vi, e adormeci embalado com os gritos histéricos da Edite Estrela e da Zita Seabra e dos outros participantes, mas muito particularmente com os gritos com sotaque do norte da Fátima Campos Ferreira, mas também do público. Mas, adiante. Assim, ontem fiquei com a certeza absoluta que a maioria parlamentar na Assembleia da República não tem coragem, nem política nem de nenhum tipo, para apresentar e aprovar um projecto de Lei sobre esta questão tão sensível. Isto porque continuam a cometer o mesmo erro. Ou seja, centram o debate única e exclusivamente na figura da mulher, no facto de abortar ser um direito que lhe assiste, não indo mais além. Ou seja, concebem o aborto como um direito absoluto, sem cuidarem que possa ser apenas uma última opção da mulher. Antes de todos os meios anti-concepcionais existentes no mercado e à disposição de todas as mulheres, mais iou menos informadas sobre isso. Mas o mais estranho, é que o aborto passa a depender única e exclusivamente da decisão da mulher. E o pai, também não tem opinião? Ou, só é chamado a pronunciar-se quando a a criança nasce ou quando a mulher decide levar a gravidez até ao fim? Bem sei que esta posição é demasiado radical, mas o facto de se centrar este problema única e exclusivamente na mulher, permite-se que os defensores do aborto se esqueçam deste aspecto, igualmente merecedor de protecção. Outra questão, é o facto de se utilizar o aborto com um meio para corrigir o "mal" feito. E que tal, utilizar meios preventivos para evitar esta situação e não transformar o aborto num "meio anti-concepcional"? É pedir muito ao Estado que, e em vez de pagar as comparticipações para a realização de abortos em estabelecimentos de saúde, sejam eles públicos ou prrivdos, utilziar esse dinheiro para educar a população portuguesa em termos sexuais? Através da disponibilização de consultas de planeamente familiar em centros de saúde, distribuição gratuita da pílula, de preservativos e de outros meios actualmente conhecidos. É pedir muito? Suponho que não. Pelo menos, evitava-se que, e caso este referendo aprove a despenalização do aborto, se fizesse como a avestruz e se enterrasse a cabeça na areia para, e mais tarde, se chegar à conclusão que houve um erro tremendo, e não se investiu como devia ser na prevenção. É apenas esta a mensagem que pretendo transmitir. Que seja feita a prevenção, apenas isso.

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

A proposta de referendo: coragem ou falta dela da Assembleia da República

No passado dia 19 de Outubro foi aprovada pela Assembleia da República a proposta de referendo sobre o aborto com os votos a favor do PS, PSD e BE, sendo que o CDS-PP se absteve e o PCP e "Os Verdes" votaram contra. Com a aprovação dessa proposta foi igualmente aprovada a pergunta que irá ser feita aos Portugueses caso o Tribunal Constitucional, no exercício dos seus poderes de fiscalização preventiva da constitucionalidade, não se pronuncie pela inconstitucionalidade daquela proposta. Verificamos que se trata do segundo referendo sobre este assunto. Quanto ao primeiro, e apesar da abstenção ter sido superior a 50%, a maioria dos cidadãos eleitores que foram de facto às urnas depositar o seu voto, consciente ou incoscientemente, com ou sem ajudas, bem ou mal, decidiram pelo "não". Ora, e caso seja realizado este segundo referendo, a pergunta que irá ser feita aos Portugueses será a seguinte: "Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?". Importa referir que esta proposta de referendo está associada ao projecto de lei de revisão do Código Penal apresentado pelo PS, no qual é incluído o aborto legal desde que "A pedido da mulher, nas primeiras dez semanas de gravidez, para preservação da integridade moral, dignidade social ou maternidade consciente.". Ora, tenho de vos confessar que estou bastante indeciso sobre esta questão. Porém, respeito a posição da Igreja sobre este assunto. Através da nota pastoral publicada pela Conferência Episcopal Portuguesa no passado dia 19 de Novembro, esta instituição considera que "o aborto provocado é um pecado grave por constituir uma violação do 5º Mandamento, e pede a todos os fiéis que se empenhem neste esclarecimento de consciências.". Trata-se de defender a sua posição. Assim como respeito a posição dos defensores da despenalização do aborto. São posições perfeitamente válidas e conscientes. Porém, não entendo os conceitos que o legislador utilizou na proposta de lei de revisão do Código Penal para permitir e viabilizar o chamado conceito de "aborto legal". Integridade moral?!?! Dignidade social?!?! Maternidade consciente?!?! São conceitos demasiado vagos e abstractos que apenas irão piorar a situação. Se formos pelo conceito de maternidade consciente, e aqui incluo obviamente a paternidade consciente, deverá entender-se que, e caso um casal decida ter filhos deixa simplesmente de utilizar os meios anticoncepcionais que estiver a utilizar no momento. Agora, o que é que se deverá considerar uma maternidade consciente? O facto de não se poder proporcionar à criança que irá nascer uma boa vida? É nisso que consiste o conceito de maternidade consciente? Para mim, consiste no conceito de maternidade consciente do ponto de vista económico. Se existe dinheiro para sustentar uma criança, ela nasce. Se não existe, aborta-se simplesmente. A ser assim, é errado. O certo seria poder proporcionar à criança um ambiente familiar estável, equilibrado e harmonioso ao seu desenvolvimento físico, psíquico e emocional. Quanto à dignidade social, será apenas para justificar o "apagamento dos erros" de relações fortuitas que fazem com que existam mães solteiras? É esta a justificação do legislador para este conceito? A ser assim, é novamente errado. É claro que poderão invocar que a nossa sociedade é bastante conservadora neste aspecto das mães solteiras, que não são bem vistas do ponto de vista social na comunidade onde estão inseridas. É uma posição correcta. Porém, a sociedade e a comunidade em vez de apontar e criticar deveria apoiar quem está nessa situação. Será que o auxílio que a sociedade e a comunidade local dá é o recurso ao aborto? Se sim, é muito grave. Por fim, o conceito de integridade moral é um contrasenso grave do legislador. Como é que se poderá permitir que alguém possa abortar com base neste conceito. A ser assim, toda mulher que seja íntegra e consciente com a sua moral não permite que existam gravidezes indesejadas as quais possam levar a um aborto com base neste fundamento. Paralelamente, suponho que são esquecidas duas realidades importantes: a possibilidade de objecção de consciência por parte do médico que irá realizar o aborto, assim como o facto de, e por razões de perseguição social principalmente no interior, muitas mulheres não possam recorrer aos serviços de um estabelecimento de saúde legalmente autorizado levando, em consequência ao aborto clandestino. Quanto ao primeiro aspecto. Tanto os aqueles que defendem a despenalização do aborto, como aqueles que se opõem, esquecem-se deste aspecto. Assim, pode muito bem acontecer que o médico que se encontra na iminência de poder realizar um aborto entender, e com base na sua consciência, que a prática daquele acto médico vai contra os seus princípios. É uma situação perfeitamente possível de acontecer. E qual é a solução? Encontrar um médico que esteja disponível a realizálo, seja num estabelecimento de saúde legalmente autorizado ou não, ou então obrigar o médico objector de consciência a praticar aquele acto médico. Entendo que se deva respeitar a posição daquele profissional de saúde. Agora, e quanto ao segundo aspecto. O meu maior receio não é a realização de abortos em estabelecimentos de saúde legalmente autorizados nos grandes meios urbanos, mas antes nos do interior. Em locais onde a comunidade e a sociedade local seja reduzida, e que por isso possam penalizar socialmente a mulher que aborta. Será uma dupla penalização. Como se já não bastasse o facto de abortar, a própria comunidade censura-a do ponto de vista social pela prática do aborto. São dois aspectos sobre os quais importa reflectir, pensar e discutir, não se cingindo apenas a discussão do aborto aos conceitos tradicionais: o início da vida e o direito da mulher ao aborto. Estes dois conceitos são a base, mas existe muito mais para além destes como tentei demonstrar. Finalmente, importa esclarecer que, e com estas breves notas, não pretendo demonstrar que sou a favor ou contra a despenalização do aborto. Muito pelo contrário. Tal como supra referi, estou indeciso. Mas aquilo que pretendo é contribuir para a discussão com estes elementos que entendo que possam ser úteis.

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

A verdade inconveniente


Após ter-me deslocado à magnífica Catedral do Sport Lisboa e Benfica para ver mais uma grande vitória do meu clube contra 14 adversários, fui ver um filme que já estava para ver há muito tempo. Porém, não é um filme como muitos que estão em cartaz. É um filme documentário sobre a exposição apaixonada e inspirada do antigo candidato à Presidência dos Estados Unidos, Al Gore, e relativo ao aquecimento global. Ora, é um filme diferente de muitos que já vi. Além de tratar de um tema extremamente actual, explica as razões do problema, apresenta factos que demonstram que o aquecimento global é um problema real e não um mito urbano, como alguns querem fazer crer, e além disso apresenta soluções para o tentarmos resolver. Apresenta factos científicos que demonstram que o problema é real e que se não for resolvido poderá implicar o desiquilíbrio climático do planeta, ou seja inundações, secas excessivas, epidemias, entre outros problemas. No entanto, é claro que este filme é uma forma de Al Gore voltar a dar-se a conhecer ao público, e em especial ao povo americano, tendo já em vistas as próximas eleições presidenciais. Ou seja, tem alguma conotação política. Mas o interesse que o filme desperta nas pessoas que o vão ver suplanta largamente esse fim político secundário.

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Ainda mais fotos de férias...

A fazer fé nos comentários que recebi no meu post sobre algumas das fotos das férias, foram muitos que gostaram das fotos então apresentadas. Porém, importa fazer uma ressalva. Foi apenas uma mera coincidência o momento da apresentação das fotos e o facto de ter chovido de forma intensa em Lisboa, durante o dia inteiro. Como não quero que vos falte nada, aqui vão mais umas fotos. Espero que gostem tanto destas, como gostaram das outras...











quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Caça à multa ou uma técnica "civilizada"?


Foto nº 1


Foto nº 2


Hoje recebi um e-mail a dar conta de uma nova técnica policial a ser experimentada e desenvolvida na Região Autónoma dos Açores. Será já um dos resultados da nova pareceria entre as Universidades Portuguesas e o MIT ou simplesmente mais uma atitude portuguesa de "chico esperto"? Pois bem, e segundo o e-mail, parece que a divisão de trânsito da PSP da Ilha Terceira, na Região Autónoma dos Açores, está experimentar uma táctica policial alegadamente utilizada em muitos dos países ditos civilizados. Ora, esta táctica consiste em colocar uma imagem em tamanho real de um carro patrulha e de um polícia na berma da estrada para fazer crer aos automobilistas mais incautos que se trata de facto de um carro e de um polícia verdadeiro e com isso reduzam a velocidade, conforme demonstra a foto nº 1. Se esta táctica já demonstra alguma grande dose de sadismo por parte da PSP da Ilha Terceira, então o que a foto nº 2 demostra ultrapassa todos os limites do que é admissível e razoável, ou seja, uma verdadeira caça às multas. Como hão-de ter já reparado, está um radar colocado junto aos apoios da imagem, ou seja, por detrás da mesma. Até aqui ainda se admite e compreende. Porém, o que já não se aceita, é que no alto do pequeno monte ao lado da imagem estejam dois polícias escondidos a tirar fotos aos condutores que circulam em sentido contrário e que fazem sinais de luzes para avisar os outros condutores. Ou seja, uma táctica com requintes de malvadez por parte de uma força policial. Não obstante esta situação, concordo inteiramente que todas as infracções ao Código da Estrada sejam punidas, no entanto existem limites para os controlos. Agora, uma pergunta. Será que as estradas da Ilha Terceira são propícias ao excesso de velocidades para justificarem uma actuação deste género? Suponho que não. Agora se fossem colocadas imagens destas, por exemplo na Avenida Infante D. Henrique ou na Avenida de Ceuta ou até na Avenida Almirante Gago Coutinho, para dissuadir os condutores até poderia concordar. Agora não concordo, e até considero uma atitude de verdadeira caça à multa, o facto de estarem escondidos e até emboscados para "caçarem" mais uns euros para os depauperados cofres públicos. Já agora, quando é que os condutores do Continente têm direito a a ver aplicada esta táctica verdadeiramente maquiavélica nas estradas de Lisboa, Porto ou de outras cidades?

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Mais fotos das férias...










Como o prometido é devido, aqui vão mais algumas fotos do pequeno paraíso onde estive a descansar durante uma semana. Espero que gostem tanto como eu gostei...

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Existem dias assim...


Apesar do dia de trabalho ter corrido bastante bem, ter jogado à bola com amigos meus, ter ganho o jogo e ter feito uma boa exibição, não consigo deixar de me sentir bastante pensativo e de certo modo triste com alguns aspectos da minha vida. Será a crise da mudança da idade a bater nesta altura? Ou simplesmente uma fase menos boa? Mas lá que me sinto pensativo, algo triste e desiludido sinto, mas melhores dias virão. Espero eu...

CSMP 1 - Procurador Geral 0

Oito dias após a nomeação do novo Procurador Geral da República pelo Presidente da República, aquele já perdeu o seu estado de graça. Deve ter sido o menor período de que tenho recordação, e como tal devia figurar no Guiness Book of Records. Ora, tal situação prende-se com o facto do Conselho Superior do Ministério Público ter recusado a nomeação do Dr. Mário Gomes Dias para o cargo de Vice-Procurador Geral da República por nove votos contra e oito a favor dos seus membros. Para efeitos públicos, o motivo da recusa foi " (...) o facto de Mário Gomes Dias estar afastado há mais de 20 anos dos tribunais", estando "(...) presentemente a desempenhar as funções de auditor jurídico no Ministério da Administração Interna", pelo que não reunia as condições ditas essenciais para desempenhar aquele cargo. E que condições serão essas? Na minha humilde opinião, serão simplesmente pertencer à estrutura corporativa e estar verdadeiramente imbuído e impregnado de um espírito corporativo. Contudo, e tal como referi num post anterior sobre a nomeação do actual Procurador Geral, a estrutura corporativa do Ministério Público não admitiria nova derrota tão escandalosa e tão copiosa em tão curto período de tempo. A primeira foi a nomeação de um Juiz Conselheiro para o cargo de Procurador Geral da República. A segunda seria a nomeação do Dr. Mário Gomes Dias, um Magistrado do Ministerio Público de direito, uma vez que fez a quase totalidade da sua carreira fora dos Tribunais. Deste modo, verifica-se que o Procurador Geral perdeu a sua primeira batalha contra a estrutura corporativa do Ministério Público no início da "Guerra dos Seis Anos". Se terá muitas ou poucas consequências, só tempo o dirá. Mas espero que sejam muito poucas, uma vez que a função do PGR não é pôr a sua nova "casa" em ordem, mas sim exercer a acção penal. Se quiser aceitar um conselho Senhor Procurador, a partir do momento em que passou as portas da sede da Procuradoria Geral da República desconfie de tudo e de todos, porque, e a par da primeira casca de banana que o Conselho Superior do Mistério Público lhe colocou, muitas mais lhe irão ser colocadas na sua frente por todo o tipo de pessoas, sejam elas Magistrados do Ministério Público ou não. Agora caber-lhe-á evitá-las a todo o custo. Já agora, mais um conselho. Desconfie igualmente das posições assumidas pelo Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, o Juiz Conselheiro Noronha do Nascimento. O seu silêncio actual não augura nada de bom... Mas cá estaremos no futuro para ver se a sua actuação para com o Procurador, assim como a de muitas outras pessoas, é ou não honrada.

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

E a maior figura de Portugal é...

A RTP irá colocar no ar um programa chamado "Grandes Portugueses" apresentado por Maria Elisa, regressada do seu "exílio dourado" na Embaixada de Portugal em Londres, e no qual será eleita a maior figura de Portugal. Ora, e no site do referido programa, é apresentada uma lista de sugestões/exemplos para as pessoas votarem e escolherem a que, e no seu entender, é a maior figura de Portugal. Desde Reis, passando por cientistas, escritores, políticos, artistas, desportistas, entre outras grandes figuras do nosso Portugal. Ora, e o que me leva a escolher este tema para o meu novo post prende-se com uma das sugestões que inicialmente não fazia parte da lista, talvez para não ofender algumas mentes, e que à data em que escrevo este post já faz, talvez após muitas pressões. Estou a falar do Professor António de Oliveira Salazar. Proeminente Professor de Direito, Presidente do Conselho durante cerca de 40 anos. Figura incontornável do século XX português. Ora, e fazendo fé na revista "Visão", a RTP foi pressionada a incluir a figura daquele estadista na lista de sugestões/exemplos, seja por pressão de muitos dos seus saudosistas indefectíveis, seja pelo simples facto de ser uma figura da História de Portugal. Compreendo e respeito que seja uma figura idolatrada por uns e odiada por outros. Porém, todavia não nos podemos esquecer que se trata de uma das figuras chaves da História de Portugal contemporânea, sob pena de se cometar um erro gravissímo que é escrever a História que alguns querem que tenha acontecido, e não tal como sucedeu verdadeiramente. É certo que foi um ditador, porém e sem querer branquear a sua actuação, não nos podemos esquecer que foi quem conseguiu reabilitar o nome de Portugal não só entre nós, como também além fronteiras após o período conturbado da I República. Conseguiu igualmente que a situação financeira e económica do País fosse bastante melhor do que aquela que se verificava naquele período, teve uma actuação significativa quanto à resolução da Guerrra Civil de Espanha, seja no apoio ao General Franco, seja ao lado de uma conjunto restrito de países europeus para a resolução do referido conflito, entre outras actuações positivas. É certo que teve comportamentos horríveis, seja a instituição da censura, a criação da PVDE, e posteriormente PIDE/DGS, entre outros episódios. Todavia, tal actuação não implica que seja deliberadamente omitido da História de Portugal. A ser assim, deveria ter-se omitido o facto de termos sido governados por três Reis Espanhóis. Mas não se teve tal comportamento. O que importa é que a História seja dada a conhecer às gerações vindouras. Ora, e se se quissesse "esquecer" que tinhamos vivido em ditadura durante cerca de 50 anos, na referida lista deveriam ter sido omitidos os nomes do Professor Marcello Caetano, do Marechal Carmona ou até do Engenheiro Duarte Pacheco. Porém, e quanto à programa, tenho um grande receio. E esse prende-se com o facto de achar que uma grande maioria da lista final escolhida pelo público, incluir apenas pessoas que tenham praticado feitos mais ou menos relevantes à Pátria nos últimos 50 ou 40 anos, e com especial incidência para os desportistas e para os políticos. Quanto à minha escolha, já a fiz. Entendo que a maior figura da História de Portugal foi o Rei D. João II, o Príncipe Perfeito, não só pela sua inteligência, como também pelo facto de ter sido um verdadeiro líder.

terça-feira, 10 de outubro de 2006

O regresso da viagem de férias




Após 30 horas de viagens, aviões e aeroportos regressei novamente a este cantinho à beira mar plantado que é Portugal. Foi uma semana excelente nas Maldivas, muito propícia ao descanso, ao sossego, à leitura, à praia, ao sol e à cerveja. Abro já um parêntesis para recomendar a leitura do romance "A Lenda de Martim Rego", de Pedro Canais. É claro que venho de lá com uma cor bronzeada extremamente saudável, e não como capitão lagosta como muitos pensariam que eu viria. É claro que esta corzinha teve o seu custo inicial. Um ameaço de capitão lagosta nos primeiros dias, mas com o auxílio do creme protector e do creme nivea tudo se resolveu a meu favor. Como é óbvio, caiu-me alguma pele da cara e também das orelhas. Mas com esta pequena introdução, vou-vos relatar a minha viagem ao paraíso e o regresso ao purgatório. Tenho de vos confessar que, e no que respeita a aviões, tudo o que de mal possa acontecer, me vai acontecer. É a famosa Lei de Murphy aplicada à minha pessoa. À saída de Lisboa correu tudo às mil maravilhas, o check in feito com rapidez, as compras dos bens essenciais feita na Free Shop, o embarque no avião. No decorrer da viagem, correu tudo bem, excepto uns pequenos gritos de pessoas mal humoradas e stressadas para ir à casa de banho. Porém, à chegada ao aeroporto de Heathrow os pilotos da TAP devem pensar que os aviões que todos nós pagámos são tijolos com asas e não máquinas extremamente sensíveis e delicadas. Por isso, e ao aterrar, toca atirar o avião contra o chão, de modo a sentirmos com violência a aterragem, e andar com o corpo a andar de um lado para o outro em consequência dos ziguezagues que demos pela pista fora. Já agora alguém que me explique uma coisa. Porquê é que são servidas aos passageiros e depois estes tem a sensação que são os pilotos que as bebem todas? Será o síndrome do condutor português levado para a atmosfera? Fico à espera dos vossos comentários quanto a esta minha observação. Já em Londres, fui tratar do passo seguinte da viagem. A obtenção do cartão de embarque para as Maldivas. Já com ele na mão, fui dar uma volta pelo Free Shop do aeroporto de Heathrow. É claro que com preços proibitivos, não comprei mais nada. Restou-me apenas esperar pela partida do avião. A viagem para Malé correu muito bem com apenas 60 ou 70 pessoas num avião que deve ter capacidade para cerca de 300. Logo, espaço não me faltou. À chegada a Malé, e apesar de estar completamente estourado da viagem, fui brindado com uma excelente recepção por parte do tempo das Maldivas. Muito calor e muita humidade, ao ponto de ter atingido o meu limite da minha resistência física e mental. Porém, nada me tinha preparado para a parte final da minha viagem. Uma viagem de speed boat do aeroporto para o hotel que iria servir de casa durante a semana seguinte. Para terem uma ideia, imaginem um barco que não devia ter mais do que 10 metros de comprido e equipado com 2 motores de 200 hp de potência cada um. Seria mais ou menos o equivalente a um fiat 127 totalmente transformado por um artista do tunning, sem esquecer o tudo de escape de rendimento REMUS. Ou seja, be afraid, be very afraid! Quanto ao tripulação, fiquei com toda a certeza que deveriam ter genes de portugueses em algum momento da sua árvore genelógica. Senão vejamos, conduzem o barco com apena uma mão, sendo que a outra é para falar ao telemóvel e ter o braço apoiado na janela. Será que esta imagem não vos pareçe assustadormente parecida com o que vemos diariamente nas nossas estradas? Chegado ao hotel, tive todo o tempo do mundo para conhecer a ilha e ver no que me tinha metido. É claro que mal chegado o quarto só tive tempo de vestir os meus calções de banho, agarrar na toalha e correr três metros na direcção do mar, com uma água transparente e quente. Simplesmente maravilhosa e fantástica. Nos dias seguintes, fui-me tornado amigos de todos os barmens do hotel. É claro que não havia mais nada do que fazer senão estar na praia, comer, dormir, fazer snorkling, tomar banho, apanhar sol, ler, conversar com as pessoas. Abro um parêntesis para enviar cumprimento ao Dominic e à namorada, assim como também ao Kevin e à Maggie. No último dia da minha estadia no hotel, voltei no mesmo barco para o aeroporto. Porém, a viagem foi bastante mais arriscada uma vez que foi feita à noite. Mas, lá cheguei são e salvo ao aeroporto. Assim, iniciei a minha odisseia de regresso a Portugal. Quanto ao aeroporto de Malé, apenas pude entrar no mesmo, e beneficiar das tão agradáveis vantagens do ar condicionado, quando foram abertos os balcões para o meu check in. Enquanto não abriram, tive de estar 1 hora à espera num tempo húmido. Já no seu interior, pude fazer o meu check in com toda a calma. Após estar na posse do meu cartão de embarque, fui para a sala de espera e fui dar uma vista de olhos pelo Free Shop. Após uma breve vista de olhos, vejo uma loja que vendia Playstations II e jogos. Porém, o preço da mesma custava USD 500$00. Será que alguém pode explicar aquelas almas que já se pode comprar este aparelho por apenas 150,00 Euros e que vai sair a nova geração no próximo Natal??? Outro aspecto de realce, é a sala para fumadores no aeroporto. É claro que quem queria ir fumar um cigarro não podia porque a sala estava constantemente cheia de fumo por causa dos inúmeros cigarros que os maldivianos e afins fumavam incessamente, assim como da ventilação praticamente inexistente. Já no avião com destino a Colombo, no Sri Lanka, dou conta que entra um grupo de portugueses tinham estado nas Maldivas a fazer surf. É claro que não pude conter a minha alegria por encontrar portugueses, sendo que, e no entanto, mantive a minha descrição. Quando chegados ao aeroporto de Colombo, só aí revelei a minha condição de português sendo que eles ficaram verdadeiramente espantados pelo facto de alguém ter decidido ir sozinho para as Maldivas. No avião com destino a Londres, e já com algumas horas de viagem, fui acometido de uma pequeno ataque de strees e de impaciência, uma vez que já estava há cerca de 18 ou 20 horas em viagem e já estava a ficar verdadeiramente farto de estar em aviões e em aeroportos, e ainda faltava a viagem de regresso a Lisboa. Após aterrar em Londres fiquei com eles, tendo podia disfrutar da sua boa disposição e alegria. É claro que essa estadia irá ficar marcada por um aspecto. Qual é o português que vai para o estrangeiro e não diz palavrões ou manda piropos em português? Pois bem, foi isso que sucedeu. Um dos elementos do grupo mandou um piropo como deve ser e em bom português quando se está no estrangeiro a uma rapariga que passava junto a nós. Porém, essa rapariga que passava era portuguesa não tendo esboçado qualquer reacção, excepto um pequeno sorriso ao que tinha ouvido. No entanto, e como devem imaginar todos nós ficamos envergonhados pelo facto dela ter percebido, mas já não havia nada a fazer. Como podem imaginar, ela regressou connosco no avião para Lisboa. Já agora, uma última palavra para a viagem de regresso. A viagem correu muito bem, a não ser, e novamente, a impaciência pelo simples facto de já estar há mais de 1 dia em aviões e em aeroportos e ainda não ter chegado a Lisboa. Mas fora esse pequeno aspecto, correu tudo muito bem excepto o facto de, e novamente, o piloto da TAP ter confundido o avião com um tijolo com asas em virtude da dureza da aterragem no aeroporto de Lisboa. Agora, e olhado para trás, recomendo vivamente uma ida às Maldivas, quanto mais não seja pelo facto de ser um local paradisíaco e que dentro de alguns anos pode já ter desaparecido em consequência do aquecimento global. E se não tiverem companhia, isso não é desculpa. Fui sozinho e completamente à aventura e regressei a Portugal com novo alento. Portanto, vão e divirtam-se. Entretanto, as fotos representam o pôr do sol que via diariamente a tomar banho nas águas das Maldivas. É só uma pequena amostra do que vos espera...